No dia 21 de dezembro de 1996, Juarez Fonseca publicou em sua coluna no jornal ABC Domingo o primeiro comentário na imprensa sobre o disco de estreia de Júpiter Maçã, “A sétima Efervescência”.
DOS ARQUIVOS IMPLACÁVEIS DE JUAREZ FONSECA: Júpiter Maçã injeta 60 nos 90
Alerta: vem aí uma manifestação desbragada. Acabo de ouvir a prova do disco de estreia de Júpiter Maça e fiquei – digamos – atônito. É a coisa que mais me impressionou no pop gaúcho dos últimos tempos, para não dizer que é a coisa que mais me impressionou no pop gaúcho de sempre. Júpiter Maçã é o heterônimo (ou o novo nome) de Flávio Basso, ex-Cascavelletes. O CD se encaixa na série de exemplares produções recentes do selo Antídoto, da gravadora Acit, entre as quais se destacam Colarinhos Caóticos e Tequila Baby.
Um dos ídolos de Júpiter Maçã é Syd Barrett, o demente fundador do Pink Floyd (participou dos dois primeiros e mais inovadores álbuns, no fim dos anos 1960, e voou para uma realidade paralela, onde permanece). Júpiter tem algumas doses dessa demência psicodélica, alimenta o mixer com coisas que nascem nos Beatles e passam por Roberto Carlos (o da jovem guarda), há traços de Who nas beiradas e viagens que atravessam o tempo pop sugeridas no título do CD, A Sétima Efervescência.
Júpiter Maçã é uma ponte dos 60 para os 90 e vice-versa, nostálgico e supercontemporâneo, adolescente e maduro. Seu disco, arrisco sem medo, é o Sgt. Pepper’s do rock gaúcho. Só outro me impressionou tanto desde a primeira ouvida: A Paixão de V Segundo Ele Próprio, de Vitor Ramil. Júpiter consegue umas canções grudentas e belas como as do jovem Paul McCartney, acerta a mão no pop áspero, mistura letras ingênuas com outras estranhíssimas. Egisto 2 é o co-produtor do disco. Está se revelando também um produtor de primeira.
Fonte: Juarez Fonseca no facebook