Relicário do Rock Gaúcho

Acervo de publicações sobre a  cultura e a história do Rock Gaúcho em textos, imagens, áudio, vídeos, dados, raridades e artigos na mídia digital.

[PRESS] Relicário do Rock Gaúcho no Caderno 2 ZH [28/06/25]

Raridades eternizadas: com fitas cassetes e CDs demos, relicário preserva memória do rock gaúcho em Porto Alegre. Projeto independente transforma o analógico no digital. Ingressos de shows, pôsteres, reportagens, discos e fanzines também integram o acervo

Notícia: gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2025/06
28/06/2025 – 05h00min
Por: André Malinoski
FOTOS: Camila Hermes / Agencia RBS

[Texto na íntegra]

Projeto independente, o Relicário do Rock Gaúcho pode ser visto como uma espécie de portal/biblioteca/museu da música em Porto Alegre. Trata-se de um trabalho realizado por amigos unidos pelo mesmo objetivo: preservar a memória do rock produzido no Pampa.

— O Relicário do Rock Gaúcho é um patrimônio cultural. Com o advento da tecnologia e da digitalização, procuramos transformar o analógico no digital — explica o técnico de áudio e fundador da iniciativa Reinaldo Portanova Filho, 57 anos.

Formada ainda por Samarone Silveira – uma verdadeira enciclopédia viva do rock gaúcho – e Darlan Porto, a equipe remasteriza áudio e vídeo, além de materiais impressos como fanzines raros.

Entre os itens, há fitas cassetes e CDs demos, DVDs, além de vinis dignos de serem encontrados em disputados leilões de colecionadores. Porém, a função não resume-se apenas ao processo de digitalização das músicas.

— Hoje em dia, temos uma parceria com o Estúdio Sorriso, que transforma qualquer bitola de vídeo em sinal digital. Ajeitamos a imagem porque muita coisa se perde. Não tenho um estúdio especial para isso. Tenho um estúdio bastante doméstico — pondera o técnico de áudio, que transita há anos pela cena roqueira da Capital.

As origens
Cercado por relíquias de bandas de rock e de equipamentos analógicos, Portanova conta — espraiado em uma sala de seu apartamento no bairro Rio Branco —, que a história do Relicário do Rock Gaúcho começou em 2008. Na época, ele possuía um blog pessoal chamado portanovablog.br. No espaço, o porto-alegrense inseria gravações utilizando computador e recursos oferecidos pelo YouTube.

— Era extremamente raiz. Era como se eu estivesse nos anos 1980 gravando uma fita cassete, só que agora digital — compara, dizendo que, na ocasião, colocou na internet raridades como shows da banda DeFalla.

[FOTOS]


 

 

 

O acervo

Dessa maneira, os músicos e bandas ficaram sabendo deste trabalho independente em prol da preservação do rock gaúcho. Alguns começaram a doar fitas cassetes, CDs, DVDs, discos, fanzines, pôsteres, fotos, recortes de matérias de jornais e revistas, além de ingressos de shows. Por sua vez, os responsáveis pelo relicário também compravam objetos quando os preços eram acessíveis e, ainda hoje, adquirem itens.

O Relicário do Rock Gaúcho é um patrimônio cultural. Com o advento da tecnologia e da digitalização, procuramos transformar o analógico no digital.
REINALDO PORTANOVA FILHO

Portanova ilustra como ocorre o processo:

— Vou citar a Smog Fog (banda surgida em Porto Alegre nos anos 1980). Quem tem os originais da banda, e de todos os outros da Vortex (antiga loja e estúdio musical), é o Gerbase (integrante de Os Replicantes). E ele nos cedeu os originais para fazermos cópias.

— A ORTN é uma banda de punk rock bastante popular na época da Vortex. Agora, resgatamos o material exclusivo — complementa.

— O Rogério Cazzeta (proprietário da Toca do Disco) comprou o acervo que sobrou da Rádio Ipanema. Nesse montante, tinha vários CD-Rs (tipo de mídia) e DVDs de gravações de bandas. Aquilo não tinha valor comercial, e ele cedeu para nós esse material. Junto, cedeu as fitas de rolo, que são uma preciosidade e eram todas da Ipanema. E depois descobrimos um local que tinha mais coisas da rádio. Fomos lá e compramos — detalha.

Comunicadores que atuaram nas principais rádios de Porto Alegre incentivaram o projeto e doaram itens. Músicos e seguidores do canal do YouTube chegaram a ceder equipamentos para auxiliar nos processos.

O futuro
Até o momento, nenhuma empresa, universidade ou instituição cultural procurou o Relicário do Rock Gaúcho para promover uma exposição das peças históricas. O acervo está dividido nas casas dos responsáveis pelo projeto. O trabalho não conta com patrocínios de alguma marca expressiva.

Portanova reflete sobre essa realidade:

— Acho muito difícil alguém patrocinar o rock, que tem um rótulo de ser do cabeludo, do maconheiro, do cara que vai contestar contra o sistema. No meu ver, o rock faz com que tu penses, enquanto a música popular não faz isso. Ela te dá só os sentimentos.

Seguidores e amigos fazem doações espontâneas para ajudar na preservação da história do gênero musical no RS. Quem quiser ajudar pode contribuir por meio do PIX: apoio@relicariodorockgaucho.com, em nome de Luciano Vargas Flores.

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