Relicário do Rock Gaúcho

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[REVIEW] Entrevista com o guitarrista Carlo ‘Castor’ Daudt, por Yendis

Carlo ‘Castor’ Daudt é guitarrista de uma das bandas mais influentes de todos os tempos do Rock Nacional, DeFalla, direto do Rio Grande do Sul.

– Entrevista com ‘Castor’, guitarrista banda DeFalla, em 4 de abril de 2012, por Yendis.

Como foram as tuas primeiras experiências ouvindo discos de Rock’n’Roll, ou seja, quais foram os primeiros discos de Rock’n’Roll, que escutaste?
Muito novinho, tenho uma vaga lembrança de me equilibrar na frente da TV da sala, vendo a Rita Pavone cantar, mas mais correto seria dizer que p 1º disco de Rock que escutei foi o LP “HELP” dos Beatles. Fui ver o filme no cinema aos 6 anos de idade, mal sabia ler as legendas, e depois descobri que a irmã mais velha de um amiguinho meu tinha o disco. Nem preciso dizer que vivia na casa dele, atrás da irmã, incomodando e pedindo pra escutar o disco…coitada… Comprar, comprar mesmo eu comprei o LP “The Beatles Again” que era tipo uma coletânea dos Beatles, tinha “Twist And Shout”, “Please Please Me”, “Can’t Buy Me Love” e etc…

Em relação, a experiências com bandas, quais foram as primeiras?

Entrei numa banda em POA chamada “Caminhão Honesto” tocando bateria com uns caras mais velhos (eu só tinha 15) em 1977. Participei de outras bandas, mas a primeira a gravar um disco foi a “Urubu-Rei” com a Biba e o Flu (pré-DeFalla) e mais o Carlos Eduardo Miranda (QST/SBT) em 1983. Gravei com “Atauhalpa e os Punks” e “Os Bonitos” e ainda toquei com o Flu no “Júlio Reny & Expresso Oriente”. Nestas bandas tocava bateria e as vezes guitarra, uma indecisão que me persegue até hoje…Finalmente, no final de 1986, fui convidado a entrar no DeFalla (onde entrei como guitarrista e depois virei baterista…)

Como foi criado o De Falla? E como era a cena roqueira do Rio Grande do Sul, na época?

O DeFalla foi criado pela Biba, o Edu K e o baixista Carlo Pianta (meu xará) lá por 1984/85. Gravaram a coletânea “Rock Grande do Sul” com outras bandas gaúchas e assinaram contrato com a BMG-Ariola. O baixista Carlo Pianta saiu da banda e entramos, eu e o Flu, para cumprirmos o contrato de gravação de 2 álbuns (Lps) inteiros. A cena roqueira no sul era muito rica, tinha de tudo. Todos os estilos, do “blues” ao “heavy metal”, passando pelo “fusion”, “punk” e “new wave”. Tocávamos em qualquer barzinho ou ginásio…até no centro da cidade com violão… era um “desespero” pra tocar… As Fms até começaram a tocar as fitas demos das bandas, principalmente a Ipanema FM e o clima era de “expectativa” pra ver quais as bandas gaúchas que conseguiriam entrar no mercado nacional. Por sorte, ou destino, nós pegamos carona nesta onda.

Quais foram as principais conquistas com o De Falla, que se tornou uma grande referência do Rock Nacional?

Basicamente, sempre fizemos músicas visando o futuro, por isso ainda soam “atuais” até hoje. Também acho que nós inovamos em algumas coisas: efeitos de samplers, scratchs, colagens, vinhetas, bases eletrônicas… Misturamos muitas influências e linguagens musicais de maneira competente e pioneira. Tivemos a fundamental ajuda do Reynaldo Barriga, produtor da BMG-Ariola na época dos 2 primeiros discos. Aprendemos MUITO com ele. Teve a questão de cantar em inglês (antes de todos) que é até questionada numa música “I Have To Sing a Song” do 2º disco de 1988 (Its Fuckin Borin To Death). Também fizemos questão de nos tornarmos “independentes” antes de todos, (uma coragem bem rara na época, anos 80) ao assinarmos com a “Cogumelo Records” de BH. Também fomos uma das únicas bandas brasileiras independentes, então, a abrir um importante festival internacional (Hollywood Rock 1993) tocando ao lado de bandas consagradas como “The Red Hot Chili Peppers”, “Nirvana” e “Alice In Chains”. Principalmente, acho que a nossa maior contribução ao “Rock Nacional’ foi (e é) um “chute na barraca”. Foi a nossa inquietação, o questionamento das “regras” existentes e mostrar que as coisas podem ser feitas de outro modo, o que inspirou toda uma nova geração de músicos e bandas nos anos 80, 90 e 2000.

O que fizeste, musicalmente falando, durante este intervalo que você ficou fora do De Falla?

Compus algumas músicas, gravei algumas, mas não lancei nada oficial. Montei uma banda-tributo aos BEATLES (é lógico), o meu primeiro “amor musical”, em Maceió e ela se tornou a maior e mais famosa banda-tributo aos BEATLES da região, a “The Beatles Again”. Ficou tão parecida com a original que acabou…

Como surgiu a ideia de retornar com a banda?

O nosso atual empresário, Leandro (Lelê) Bortholacci, (www.olelemusic.com.br) armou um projeto que reúne bandas gaúchas para tocar 1 álbum na íntegra, no nosso caso, o primeiro LP de 1987, Papaparty. A procura por ingressos foi tão grande que tivemos de fazer 2 sessões, na mesma noite, e depois choveram convites para tocarmos pelo país todo, inclusive no Porão do Rock, em Brasília, e no Festival Se Rasgum. Descobrimos que estávamos com saudade, uns dos outros, muito afim de tocar novamente e até fazer novas músicas.

A banda De Falla se apresentou no Festival Se Rasgum, em Belém, no ano passado. O que vocês acharam das bandas locais?

Muito interessantes, com muita personalidade e “pegada”. Eu, pessoalmente, gostei bastante do show da “Gang do Eletro”.

Quais são os teus principais projetos para o futuro? E quais são os próximos passos do De Falla?

Eu trabalho com “Motion Design” na TV Educativa de Alagoas, gosto do que faço, e ainda tenho esperança de poder “fazer uma diferença” no âmbito cultural e educativo em Alagoas, tão necessitado atualmente. Mas o DeFalla está se movimentando, estamos com algumas músicas novas, finalizando uma “demo” e também esperançosos de conseguirmos gravar um novo álbum, antes do fim do mundo, né? Posso adiantar que temos músicas novas inacreditáveis, e mal posso esperar pra “botar a mão na massa” pra valer…Cheers!!


fonte: ROCK PARÁ EXTREMAMENTE ESPECIAL – DeFalla – Entrevista com o guitarrista Carlo Daudt Castor [abril 4th, 2012 by Yendis] – http://rockpara.festabelem.com.br

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