Relicário do Rock Gaúcho

Acervo de publicações sobre a  cultura e a história do Rock Gaúcho em textos, imagens, áudio, vídeos, dados, raridades e artigos na mídia digital.

[REVIEW] Entrevista Jimi Joe para o jornal Multiarte

Entrevista com o jornalista Jimi Joe, para o Jornal Multiarte abril de 1988. O texto transcrito com resumo dos assuntos abordados na entrevista; citações selecionadas para leitura mais clara; imagens em detalhes e ‘print’ da folha do jornal na íntegra.


Jimi Joe exerce as atividades de jornalista desde 1977/78; ingressou a primeira vez na rádio Ipanema através do programa “Maldita Hora“, em parceria com Marcel Plasee, onde investiram uma hora (segundas-feiras, da meia-noite até a uma) na Rádio Ipanema, onde basicamente músicas de bandas que recém estavam sendo lançadas no exterior¹. O programa teve seu fim, então foi trabalhar na Rádio Atlântida e depois retornou para a Ipanema.

Sobre o Atahualpa Y Os Panques ele diz: “O Atahualpa é uma piada. Começou como piada e continua. O Atahualpa não existe e nunca vai existir. Começamos a gozar com o punk, que recém estava chegando aqui, mas eu já conhecia desde 78. A gente se reúne, toca quando tem vontade de tocar. Agora nós estamos gravando um LP, que tem seis faixas e vai sair por uma gravadora independente”.

O nome ‘Jimi Joe’ é do tempo ‘do Atahualpa. O Rettamozo que é um poeta e publicitário, foi autor da piada com o nome da Banda e me batizou. O Jimi ´é uma coisa antiga, de adolescência, eu sou canhoto, gosto de Jimi Hendrix… Quando pintou o Atahualpa todo mundo tinha pseudônimo, e o Retta bolou essa do ‘Jimi Joe’, que é um trocadilho com ‘di mijou’ de mijar’.

Curiosidade sobre a Banda (Atahualpa)Jimi conta que em ‘uma das primeiras apresentações do Atahualpa. Nós estávamos tocando há dois dias seguidos no Taj Mahal. Na segunda noite, antes do show, o Retta chegou pra mim e disse: “eu vou fazer uma coisa hoje, tá?” (..) Eu estava pouco ligando se ele fosse cagar no palco. se ele fosse vomitar ou fazer alguma coisa. Então ele chegou com uma caveira na mão, fez um discurso que nem ouvi, só notei que era longo e que parecia um Hamlet punk com aquela caveira na mão. O cara tinha colocado um cabelo moicano na caveira e uma corda no próprio pescoço e dizia que ia se enforcar em homenagem a um compositor gaúcho, – o Carlinhos Hartlieb. Daí pegou mal. Tinham amigos do Carlinhos que estavam assistindo ao show, todo mundo queria bater no Retta. A intenção dele não foi desmerecer o Carlinhos, mas gozar desta história de querem sempre transformar os mortos em heróis, como estavam fazendo com o Carlinhos”.

Ele conta ainda que era auto-didata e estudava sobre teorias musicais; lia partituras com alguma facilidade; estudou na OSPA; declarava-se ‘meio preguiçoso’, pois preferia criar suas composições.

Sobre a possibilidade de uma rádio pirata, responde que seria interessante e que não pensava em montar uma assim. Ainda assim, ‘como poderia ser a programação desta rádio’, respondeu que poderia ser ‘mais ou menos o que faço no programa Aeroplano, que é um programa onde roda o que eu quero. Desde o Defalla ao vivo, por exemplo ou então Vingança de Montezuma, o Mulheres Negras e rodar sons que ninguém rodaria. E mais horas pra gente realmente fazer as coisas, mais liberdade’.

Fonte: Jornal Multiarte, edição publicada em 02 de abril de 1988.



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